Ananindeua e seus 70 anos - De Povoado a 2° maior Cidade do Estado.

Foto: Skyscrapercity

Uma cidade é identificada pelo seu povo que a constrói ao longo dos tempos. Ananindeua já foi identificada, um dia, como um pequeno povoado ao longo da estrada de ferro de Bragança, como também a de cidade dormitório de Belém no século XX, esses modelos de identificação variam com o tempo. Na década de 1990, ficou conhecida pelos eventos culturais promovidos pelo poder público, como o Forronindeua, Carnanindeua, Ananindeua country e Aniversário da cidade. Bem como, pelo trecho da Br-316 que mais sofreu urbanização.
O município também cresceu muito tanto em termos populacionais quanto em termos de ocupações desordenadas, porém, seus moradores que, em sua maioria, vieram de outros municípios do Estado.
O crescimento populacional até a década de 1960 foi lento (20.478 hab.). No espaço de 40 anos houve um aumento acelerado em quase 20 vezes, devido à busca da aquisição da casa própria, encontrando em Ananindeua melhores condições de compra e de espaço. Ananindeua é a terceira cidade da Amazônia em termos populacionais. No do ano de 1994, Ananindeua contava com 441.781 hab. Em 2000 esse número caiu para 393.569 hab. Devido aos novos limites territoriais do município e a emancipação do Distrito de Marituba. Em 2010, a população segundo o IBGE é de 471.980 hab.
Nos 70 anos de municipalização do município, as transformações ocorridas nas ultimas décadas ajudam a explicar a constituição do atual cenário do município de Ananindeua.
Antes de 1938, o município pertencia à jurisdição do município de Santa Izabel. Depois de 1938 a região foi transferida para a jurisdição de Belém, como sede de distrito. Somente em 30 de dezembro de 1943, por Decreto Lei Estadual n° 4.505, Ananindeua foi eleita à categoria de Município.
A partir de 1960, com a construção da rodovia Belém-Brasília (BR-010), o município passou a funcionar como uma espécie de “amortecedor” para os fluxos migratórios oriundos do interior do Pará e de outros Estados brasileiros. Ocasionado pela supervalorização das áreas centrais de Belém, que removeu a população de baixa renda para a periferia da região metropolitana e, até mesmo pela dificuldade de inserção dessa parcela da sociedade em se estabelecer na capital, por inúmeros motivos, provocando a sua fixação nos municípios mais próximos, em especial para o município de Ananindeua.
Verifica-se que o mesmo caminho construído no final do século XIX (via férrea) que traria o progresso às terras paraenses, segundo seus idealizadores, foi o mesmo caminho, que anos mais tarde milhares de pessoas em sua maioria da região bragantina, utilizaram para chegar a capital em busca de melhores condições de vida. Só que agora não era mais de trem que eles chegavam, e sim pela facilidade do transporte da BR-010.
Na década de 1970, a implantação dos Conjuntos habitacionais (Cidade Nova) contribuíram para a delimitação do novo espaço urbano que antes era rural, gerando por sua vez, as áreas de invasão, sem planejamento urbano, habitacional e financiamento de programas de construção de moradia para as classes populares, que contribuíram para o inchaço populacional.
Até 1970, o município de Belém era o principal centro industrial do Estado. Com o crescimento urbano e da densidade populacional, houve um deslocamento desse pólo industrial para áreas menos urbanizadas de Belém e distante do núcleo central. Tal processo se deu em direção a Icoaraci e a Ananindeua, consequentemente, a expansão urbano-populacional se dirigiu para estas áreas.
Podemos comprovar esta expansão urbano-populacional através do CENSO do IBGE de 1970, quando Ananindeua tinha 22.527 habitantes, a população urbana era de 2.916 e a rural de 19.611, ou seja, 87% da população era rural e apenas 13% era urbana. Porém esse quadro mudou na década seguinte, a população era de 66.027 habitantes, 59.169 achavam-se na zona urbana, ou seja, quase 90% da população. Em 2010, 99,75% encontram-se na área urbana e 0,25% na zona rural.
A partir de 1980, com o acelerado crescimento urbano relacionado diretamente ao processo de metropolização de Belém, provocou a conurbação (Crescimento de duas ou mais cidades vizinhas, que acabam por formar um único aglomerado urbano) com Ananindeua, que se tornou a principal área de expansão da capital. Dessa forma, fica difícil identificar onde termina o município de Belém e onde começa o município de Ananindeua, tanto que em 1993 houve uma revisão dos limites políticos administrativos entre esses municípios.
Atualmente, diversos fatores sociais estão contribuindo para que as pessoas busquem novos espaços para morar, unindo qualidade de vida, individualidade e segurança. Os condomínios fechados estão atraindo esse tipo de clientela e, Ananindeua oferece bons condomínios construídos, ao longo da BR 316, Avenida Mario Covas e rodovia do 40 Horas.
Nesses 70 anos, Ananindeua foi à cidade encontrada por muitos para estabelecer uma nova vida, mesmo “distante” ou “perto” de Belém, seus moradores se consideram moradores legítimos, mas também afirmam para os mais distantes e desconhecidos que moram em Belém. Sentem-se ofendidos quando ouve alguém falar mal de sua cidade, bem como da capital.
Pode-se dizer que a Cidade acostumou-se a dividir seu sentimento de pertencimento com Belém, afinal Ananindeua um dia pertenceu a capital, mas que a 70 anos passou a caminhar rumo a construção de um futuro independente e autônomo, nascendo assim uma cidade que não para de florescer e gerar frutos como o Ananin, que um dia emprestou seu nome para denominar a abundância de Ananins que a cidade passaria a ter, tornando-se a segunda maior cidade do Estado do Pará.
 
Fonte: ALMEIDA, A. F. Ananindeua e a sua identidade cultura. 2006. 108pg. Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em Turismo) - Centro Sócio-Econômico, UFPA, 2006.

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