Coqueiro, de povoado a vila, a bairro mais populoso de Ananindeua.


Imagem da Vila do Coqueiro esquina com a estrada do 40 Horas  (Atual cruzamento entre a rodovia Mario Covas e a rodovia do 40 Horas).
 O povoado do coqueiro é um dos mais antigos povoados do município de Ananindeua. Sua paisagem era marcada por habitações modestas, com casas isoladas e quintais com árvores frutíferas, na qual o jambeiro era a espécie marcante na paisagem.

No século XIX, as terras do atual conjunto habitacional Cidade Nova foram ocupadas por nordestinos, quando se teve inicio a grande derrubada da mata virgem (conhecida como as matas do 40 horas), visando o fornecimento de postes para a instalação da rede de iluminação de Belém e, lenha para as locomotivas da Estrada de Ferro de Bragança e para as indústrias da capital.

Na década de 1950, além dos nordestinos com suas propriedades rurais, havia também as famílias descendentes de japoneses, que possuíam granjas e praticavam culturas de subsistência.

A presença japonesa nas terras do Coqueiro e lembrada por antigos moradores que relatam a existência de um campo (próximo a atual estrada da providência), onde nos domingos os filhos dos japoneses jogavam beisebol.

Devido às dificuldades de subsistência, compra e venda da produção, alguns proprietários chegavam abandonar seus cultivos por certos períodos. Algumas propriedades eram conhecidas como “fazendas”, devido suas extensões serem maiores que que os sítios rurais e por criarem bois. Um dos receios dos antigos moradores era o ataque por onças, que costumavam a percorrer as propriedades.

Apesar de ser um povoado, na década de 1960 já era o mais populoso com cerca de 1.500 a 2.000 habitantes.

Na década de 1970, a Companhia de Habitação do Estado do Pará (COHAB-PA), compra as propriedades rurais dos nordestinos e japoneses para a implantação de um dos maiores conjuntos habitacionais já implantados pela COHAB no Pará.

Vejamos a segui a relação dos antigos proprietários com sua sub-área vendida a COHAB:
Gleba 1 - Juvêncio Cunha
Gleba 2 - Kumisuke Asada
Gleba 3 - Jorge Hasegawa
Gleba 4 - Haruich Marikawa
Gleba 5 - Kinachiro Kikuta
Gleba 6 - Yasuaki Kikuta; Tujui; Curtume Maguari; Luiz Daniel Lavareda Reis.
C. Nova VIII – Akvia Igaraski; Michio Takada; Judite; Josue; Jocineide; Nabone Igawa; Propira; Lucia/Terezinha Hasegawa; Michikazu Takakura.
C. Nova IX – Yoskid Kawaovachi; Tochio Ichida.

No período de 1976/86 a COHAB inscreveu 61.244 candidatos à casa própria. Destes, somente 16.747 foram selecionados e passaram a morar no conjunto.

Nas décadas de 1970/80, com a implantação dos conjuntos habitacionais e o aparecimento das áreas de ocupações espontâneas, Ananindeua teve uma evolução na sua demografia segundo o IBGE, passando de 20.330 em 1960 para 66.027 em 1980.

Nas primeiras décadas do século XXI, os antigos clubes recreativos, sítios, vivendas, motéis, e propriedades de descanso e lazer, passaram a ser alvo das construtoras. Os quintas com inúmeras plantas frutíferas estão dando lugar aos condomínios verticais e horizontais, facilmente encontrados na antiga rodovia do Coqueiro (atual Mario Covas) e na rodovia do 40 Horas.

Tais empreendimentos habitacionais estão diminuindo as áreas verdes no município, bem como, as características apontadas por Penteado em 1968 ao descrever o povoado do Coqueiro, que desde a época era um dos mais populosos de Ananindeua e bastante procurados para a instalação de retiros (sítios). 

Fonte: RODRIGUES, Eliene Jaques. Banidos da cidade e unidos na condição: Cidade Nova, espelho de segregação social em Belém. Belém: UFPA/NAEA, 1998.

PENTEADO, Antonio Rocha. Belém: Estudo de geografia urbana. Belém: UFPA, 1968. 2.v.

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