Manuel Nazareno: A maior fonte de informação oral da região insular de Ananindeua

Foto: Manuel Nazareno (Almeida, 2009)

No inicio dos anos de 1900, o musico Sr. Domiciano Farias foi tocar em uma festa na Ilha de São Pedro, lá ele conheceu a Senhorita Cristina dos Anjos Farias, filha de um dos funcionários da ilha. Após esse encontro os dois se casaram e compraram uma propriedade na ilha de João Pilatos da Sra. Bibiana, transformaram a área em um sitio que ficou conhecido como “Sitio Paraíso”, que no decorrer dos anos deu lugar a comunidade de Igarapé Grande.

O Sr. Domiciano e a Sra. Cristina tiveram 11 filhos, dentre eles a Sra. Maria Tomázia dos Anjos, que também teve 11 filhos, destes nasceu em 1943 o Sr. Manuel Nazareno Souza Farias.

Nazareno cresceu acompanhando seus pais em suas atividades de subsistência, assim ele aprendeu a lidar com os recursos disponíveis na floresta e nos rios, seus usos, suas épocas e formas de extração. Ouviu muitas histórias repassados pelas gerações através de relatos orais, além de vivenciar muitos momentos importantes e determinantes para o presente das famílias insulares.

Em sua juventude casou-se com Valdenora Assunção Navegante indo morar na ilha de Santa Rosa, local onde mais tarde passou a se chamar de Cajueiro.

Anos depois veio morar com sua família no Curuçambá. Sua maior contribuição ao bairro foi a doação de parte de seu terreno para a construção de uma escola. No ano de 1989, a escola foi inaugurada e recebeu o nome de “Príncipe da Paz”, que atualmente oferece ensino de 1° e o 2° grau.

Dentre as suas qualidades, o saber ouvir e o falar são as suas maiores virtudes, que o tornaram, ao longo dos últimos anos, na maior referência viva e facilitador da transmissão dos fatos e acontecimentos históricos da região onde nasceu. Auxiliando no desenvolvimento de diversos trabalhos como matérias de jornais, revistas, mapas, trabalhos acadêmicos, programas de televisão, etc.

Foto: Manuel Nazareno em entrevista ao Programa Expedição Fala Pará da TV Record Belém (Almeida, 2009).

Seus trabalhos ajudaram na legalização e fundação das comunidades insulares, nos projetos sociais, culturais e econômicos da administração municipal de Ananindeua.

O Sr. Ari Modesto costuma falar que nós somos os discípulos do saber do seu Nazareno. Ari como é conhecido é outro Amigo que também aprendeu muito com o Sr. Nazareno e ajudou-me no desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos.

O Sr. Ari assim como o Sr. Nazareno dedicaram parte de seu tempo e trabalho na fundação de comunidades, associações, construção templos religiosos, barracões comunitários, trapiches, realização de festas e celebrações religiosas, além de intermediar entre o poder publico e as populações ribeirinhas. Seus esforços, insistência e dedicação ajudaram na construção de uma nova realidade para as famílias ribeirinhas.

Esta postagem é uma homenagem ao Sr. Manuel Nazareno, minha maior fonte de informações orais, que nos últimos anos ajudou-me a interpretar e a construir, com base nos dias atuais, parte do cenário histórico da região insular de Ananindeua.

Com ele aprendi que deter qualquer forma de conhecimento para si, achando que dessa forma serei grande e importante, é a forma mais errônea de garantir que o conhecimento adquirido torne-se reconhecido pelos outros num futuro próximo.

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