Lenda e causo: Parteira Voadora

A história a seguir foi extraída do livro Maguary: vôo ao seu passado de Leão (1999). Logo o mesmo será transcrito na integra sem correções gramaticais:

“Dona Maria Tomé era uma respeitável parteira. Morava sozinha em uma casa humilde, à margem direita da Estrada de Ferro de Bragança, nas imediações da entrada da Estrada do Oriboca.

Com seus setenta anos de idade, vestes compridas e extravagantes, era uma figura diferente das demais mulheres da época.

Realizava nas grávidas que a procuravam, um verdadeiro pré-natal e o respectivo parto.

Quando era chamada, principalmente a noite, não aceitava a companhia de ninguém.

No dia 11 de outubro de 1934, um determinado senhor, por volta das duas horas da manhã, teve que ir chamar à parteira.

Morando no Itabira, no Maguary, apanhou sua bicicleta e saiu pedalando, rumo ao Oriboca. De longe ele já teve a certeza de que ela estava em casa. A luz da lamparina, refletindo pelas gretas das tábuas da parede, era um sinal de que estava dormindo.

Lá chegando, acordou-a e disse da necessidade de comparecer à sua residência, oferecendo a carona na bicicleta. Do lado de dentro da casa, veio a resposta: “Pode ir, que eu já chego lá”.

O apresado homem voltou na mesma pisada, só parando, por alguns minutos na Casa Fortaleza, de propriedade dos irmãos Adriano e Raul Vicente, para comprar dois pães-cassete.

Quando meu pai chegou em casa, eu já tinha nascido. O parto foi realizado por dona Maria Tomé. Com ela chegou na frente, até hoje não existe uma explicação lógica.

Dizem que ela virava matintaperera, motivo pelo qual não aceitava companhia.”

Fonte: LEÃO, R. Q. Maguary: vôo ao seu passado. Ananindeua, 1999.

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