Aurá

Foto: Rio Aurá (Adrielson Furtado, 2008)

O nome Aurá é proveniente do rio de mesmo nome que tem sua nascente entre as coord. 9.844.189N e 789.400E e, flui formando uma bacia composta pelos igarapés Santo Antônio e Cafezal, até alcançar o rio Guamá nas coord. 9.839.100N e 789.400E, com uma foz de 86,4 m de largura.

Aurá é também um dos 48 bairros do município de Belém. Localizado na região sudeste, entre os bairros de Águas Lindas e Curió-utinga, é também um dos 15 bairros do município de Ananindeua.

As terras localizadas as margens da bacia do Aurá pertenciam ao Instituto Agronômico do Norte (IAN) e posteriormente a Embrapa – Amazônia Oriental.

Na década de 1960, dirigentes e pesquisadores do IAN com o objetivo de preservar para estudo cientifico uma expressiva parcela da vegetação nas influenciais da cidade de Belém próxima ao rio Guamá, criaram em 17 de janeiro de 1966 a Área de Pesquisa Ecológica do Guamá (APEG), começaria a história de preservação destas frações de florestas.

Sob a orientação da atual Embrapa a população rarefeita foi orientada sobre a proibição de desmatar a área e realizar agricultura familiar, fazendo com que as populações vivessem essencialmente do extrativismo de frutas e da pesca.

Na década de 1970, o botânico do IAN João Murça Pires registra em seu trabalho que a APEG (local em que a bacia do Aurá esta inserida) ocupa uma área de floresta de 507 hectares, dos quais 78,89% (400 há) são ecossistemas de várzea, 19,72% são ambientes de igapó e apenas 1,12% compõem floresta de terra firme.

Em 1991 foi estabelecido o aterro sanitário do Aurá, ao longo dos anos o aterro que deveria fazer o tratamento do lixo e dos seus resíduos tornou-se um depósito de lixo, conhecido como lixão do Aurá.

Lixão do Aurá (Flickr 2011)

Em 16 de dezembro de 1993, foram definidos através da Lei 5.778 os limites Políticos-administrativos e territoriais entre os municípios de Belém e Ananindeua, através de acordo celebrado por suas prefeituras em 2 de outubro de 1991. A área do lixão pertencente ao município de Ananindeua passa a fazer parte de Belém.

Foto: Rio Aurá (Adrielson Furtado, 2008)

As populações que habitam as margens do rio Aurá pertencem à comunidade de Nossa Senhora dos Navegantes, que ocupa uma área de 17 km² e são habitadas desde o inicio da década de 1940.

Atualmente a comunidade é formada por 53 casas, ocupadas por 240 pessoas, distribuídas por três rios principais: 31 no rio Aurá, 01 no rio Uriboquinha (braço direito do rio Uriboca) e 21 no interflúvio entre os rios Aurá e Uriboca na margem direita do rio Guamá.

A população é composta principalmente por católicos, seus acontecimentos religiosos, como missas e círios, têm como referência a Escola N. Sra. dos Navegantes, sendo a procissão realizada no terceiro domingo de agosto.
Suas atividades são determinadas pelas marés e, os principais produtos explorados são o açaí e o cacau.

   Foto: Afluente do rio Aurá (Adrielson Furtado, 2008)

O turismo é uma das possibilidades que poderiam contribuir com a economia local, aproveitando suas características peculiares do ambiente conservado e do estilo de vida e econômico. Suas casas e o ambiente já foram usados para compor os cenários de três películas cinematográficas: A missão, Floresta de esmeraldas e Conspiração do Silêncio.

Os principais problemas enfrentados pela comunidade são a falta de: energia elétrica, saneamento básico, sistema de abastecimento de água potável, educação para jovens e adultos, posto de saúde, segurança e a poluição ambiental provocada pelo lixão do Aurá, que transformou um passado de vida saudável em um presente de doenças, provocado pela água contaminada, dizimando peixes, camarões e mamíferos, produzindo um cenário fétido na dinâmica das marés.

A escolha do local para a implantação do atual aterro controlado do Aurá foi infeliz, pois não se atentou à proximidade do mesmo às nascentes dos rios, seus principais responsáveis pelo problema, segundo os moradores, são os políticos que o criaram, sem se preocupar com as pessoas que habitam as margens da bacia do Aurá e que dependem da água para a sua sobrevivência.

Atualmente o aterro recebe 900 toneladas de lixo diariamente, ocupando uma área de 60 hectares, e já avança 3 km para além da área do aterro na forma de lixão clandestino ameaçando a qualidade de vida dos moradores da comunidade Nova Vida.

Os moradores de N. Sra. dos Navegantes residem no Aurá a mais de 70 anos, as autoridades deveriam reconhecer que eles são os principais responsáveis pela formação social, econômica, histórica e cultural da bacia do Aurá, rio de grande importância natural para identidade cultural do povo destas duas cidades, que nem imaginam tanta beleza e ao mesmo tempo tantos problemas sociais juntos em um só lugar.

A bacia do Aurá pede socorro.

FONTES:



LISBOA, P. L. B. (org.). Aurá: comunidades e florestas. Belém: MPEG, 2009.

DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO, nº 27.615, 16 de dez.1993.

PARANAGUÁ, P.; MELO, P.; SOTTA, E. D.; VERÍSSIMO, A. Belém Sustentável. Belém: Imazon, 2003.

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